quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Revelação

Curvo-me sobre mim e comovido,
Registo o pensamento no papel,
E as palavras revelam-me o sentido,
Do meu destino, doces como mel.


Tudo quanto aqui tenho vivido
Sonhos, alegrias, lágrimas de fel,
Não passa de um milagre repetido,
Sem que Quem o fez, se me revele.


Mas descubro estas pequenas maravilhas,
Versos de uma ternura branda e singular,
Como o sabor dos beijos das minhas filhas,
Ou da suave mansidão das ilhas,
Em noites, de muito amor e de luar.
E vejo então que és tu, Senhor, e brilhas!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Despertar



Com que poderei cantar a Vida,
Agora que cheguei a este espaço,
Onde só a Luz de Deus me é medida,
Para o ânimo que me move a cada passo?...


Esfareladas as asas na subida,
No vôo do coração p'lo Seu abraço,
Só já respiro a luz ardida
Do vôo dos versos que aqui traço.


Aqui estou e respiro fundo.
Parece que regresso a outro mundo,
Onde a Vida é Luz eternamente.


E ressuscito do meu ser imundo,
Como quem desperta do profundo,
Sono de uma longa solidão, de ausente.

Nota Preambular

Que cada poema meu se abra em luz,
No coração faminto, em solidão,
E que doce como o sorriso de Jesus,
Rebente em pétalas de sabor a pão.


Que cada poema meu acenda um círio,
No coração que gela em escuridão
E que doce como bálsamo martírio
Rebente em pétalas de calor irmão.


Que cada poema meu seja um farol,
No mar revolto da nossa condição
E que na noite brilhe como a luz do sol.


Que a luz divina se revele,
Nas palavras toscas que aqui vão
E como o sangue sob a minha pele
Corra alegremente em cada coração!